21.9.12

Simplesmente não tenho idade



Direi eu que simplesmente não tenho idade pra acompanhar a mocidade
As ideias sem raiz, as vontades sem freios
Os dizeres poéticos entorpecidos pela lua, pelo vinho, pelos sonhos
O calor que vem de dentro, sem saber sequer que brasa é que queima junto ao peito
Direi?

Direi que já se foi o tempo de amor ser um tormento
Que saudade dá e passa
Que a distância não maltrata
Que o melhor da vida é fazer nada
Trabalhar é um mal necessário
E ser aposentado conformado é o que resta
Morar numa casa fria sem cor ou alegria
Eu?

Direi eu que a vida foi uma ilusão, que vivi de sonhos vãos
Que ficaram apenas marcas, as rugas estampadas, alguma unha encravava
Cicatrizes dos meus erros, alguns deles sem perdão
Só nas lembranças existirá cor, cheiro e amor
Será?

Não! Desse sonho ruim desperto agora, tenho só uns poucos anos
Ainda sinto o frescor, o vigor da juventude
Aqui ainda há tanta cor, que meus olhos brilham ao ver o mundo a cada manhã
Tenho as mãos firmes, mas trêmulas quando sinto calafrios na espinha
Você suspira e se aproxima, você me aquece e me enlouquece
Sinto as bolhas, as fervuras, as emoções
Meu corpo é um sensor, meu espírito é ebulição
Sinto fluir
Vivo a sentir
Planto o meu jardim, o meu pomar, o meu éden
E teremos nossas rugas... de alegria
Marcas de expressão de tanto rir, sorrir e gargalhar
Marcas do sol de inverno, outono, primavera e verão
Muitos verões, muitas estações
Nossa morada é aberta ao sol, à chuva, à luz, ao fogo e ao vento
Em nós habita harmonia
Simplesmente não tenho idade pra dizer adeus à vida
E simplesmente essa idade nem quero completar um dia

2.9.12

Percurso



um pouco de sentido
um tico de empenho
um tantinho de dedicação
uma descoberta
uma intuição
uma revelação
uma ideia
um trabalho
uma execução
uma obra
um sorriso
um alívio
está feito
estás surpreso
descobriu seu dom
plantou
colheu o fruto

Fotosia.. uma mistura de foto e poesia


E ela se confunde
Já não sabe se é estrela ou se é flor
Talvez seja os dois
Da minha janela a vejo
Ela brilha, acaricia meu olhar
Sua simplicidade, sua cor
Uma composição no mínimo divina
E como nos cabelos da menina
Se o vento bate, dali soa sinfonia



Meus olhos
Seus olhos
Os olhos 
Como olham
Veem como querem ver 
Mas no fundo
Tudo o que somos, tudo o que sou
Você pode ver sem mesmo ter olhos
É que lá no fundo, lá dentro no profundo
Os olhos não chegam, não enxergam
Estes olhos carnais se detêm na matéria
E assim muitas vezes esquecemos que também somos alma
Energia
Parte de nós é magia
Diria que até é a parte mais importante
Então feche os olhos
Quando querer saber quem realmente sou, quem realmente és
Sinta



Na minha terra tem palmeiras onde cantam os sabiás
Mas tem tem um bicho estranho que vou lhe apresentar
Foi uma mistura diferente feita por um loquito
Se chama Araravão o ser que te apresento então
Todo trabalhado em cores ele está a enfeitar 
Minha sala, meus dias, com risos sem parar
Não tem como não sorrir a ver tão estranha criação
é um mix de calor com uma bela aberração
Araravão, Araravão...
Se não fosse de madeira, ouviria o seu som
Como seria seu cantar? Ainda mais iria te amar?
Isso tudo só tem sentido se ilustrado com a tal figura
Veja agora você!
Não está a sorrir ao ver?
Araravão... Araravão