6.7.13

pedido



Que as palavras sejam boas comigo

Eu me vejo mais como a filha
Do que a vejo como a mãe

Do ponto de vista pode surgir o choque, o contraste, o impacto
O mundo pode cair e se diluir no espaço, nas lágrimas, na xícara de café

Geralmente sou mais eu quando escrevo do que quando faço
Por isso peço que as palavras sejam boas comigo
Espero poder um dia encontrar a saída pra viver fora de onde faço o ajuntamento dessas letras a minha interpretação delas e nada mais

Seria doce poder dar os passos com tanta leveza como um simples percorrer de olhos ainda que por linhas tortas
Seria bem mais simples

Me ver como a filha é uma postura de não crescer
Não encarar que as escolhas de meus pais afetaram somente meu passado e que posso escolher o futuro
Mas amargura nos prende, nos dilacera

Queria que fosse doce como ler um poema bonito em dia de sol
Como ler um livro acompanhado de cappuccino em dia cinza
Que fosse sofrido como o parto, mas que ao menos libertasse da placenta

Umbigo, quando o vejo assimilo meu ser a outro ser, ligo os pontos e vejo que podemos ser tão iguais e diferentes, eu poderia escolher não ser nada?
A cicatriz do que um dia foi união e supriu minha existência em formação
Eu poderia escolher?

Não quero terminar com lamentos, mas gostaria de não ter lembranças
Mas a única coisa que posso pedir é que palavras, sejam boas comigo
Tem horas que são meu último abrigo

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