Tenho espaço para todos os sentimentos
Aqui dentro é como um buraco negro
Tudo que entra, entra
Não se sabe onde foi parar
Mas em algum lugar está
Dentro dele, redemoinhos
Quando sopra o vento forte, bagunça tudo
Quem sempre amei posso odiar
E posso até colocar no pedestal quem só o que me fez foi pisar
Delírios de amor se esvaem em suspiros
Uma paixão não vivida mofa num canto esquecido
Por que tive tanto medo?
Hoje vejo que tudo é simples e de algumas coisas nenhum ser humano pode fugir.
Por isso viva.
Tudo cabe nesse peito
Um espaço guardado também tenho para as perdas vindouras
Pois a vida não será sempre só esse monte de vida
Vem a velhice, senão minha a de meus entes queridos
Vem a fraqueza, inerente ao tempo que é inerente ao homem
Chega um ponto em que não se fica mais belo
Um momento em que você não vai ficar mais forte do que um dia já foi
No seu destino há um ápice
Depois de chegar lá não se pode subir mais
Vou tentar ficar lá o máximo possível, na estabilidade de seu ápice
Só que uma parte de mim já tem espaço para quedas
Um dia desses só me restará aprender a cair
Guardo espaço para o definhamento
De peles, músculos, rins, pulmões,
De amores, desejos, sonhos jovens, paixões
Um espaço intocado?
O da esperança de que tudo fará sentido no final
Do início, ao ápice, ao final.
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